A EDP é um grupo empresarial multinacional português do setor de energia que opera essencialmente nos mercados Europeu, Americano e APAC. Ela atua em todos os segmentos do mercado de energia: geração, transmissão, distribuição, comercialização de energia, além da comercialização de gás natural. Atualmente 85% da energia gerada pelos ativos do Grupo vem de fontes renováveis. O Grupo vem buscando, cada vez mais, trabalhar de forma padronizada nas várias regiões onde atua, respeitando, é claro, as necessidades especificas de cada geografia. Tendo isso em vista, temos intenção de focar em desafios que possam trazer soluções passíveis de trazerem benefícios não apenas para uma região específica, mas que também possa funcionar nas demais regiões de atuação da companhia. 2. Apresentação do problema As atividades de construção, operação e manutenção das redes de distribuição e transmissão e das unidades geradoras geram grandes quantidades de resíduos, para os quais a EDP consegue obter um elevado percentual de reciclagem. Entretanto existem alguns tipos de resíduos cujo potencial de retornar para novas cadeias produtivas é pequeno ou nulo, por motivos diversos como a não existência de tecnologia para tal e custos elevados envolvidos no processo, por exemplo. Listamos então alguns tipos de resíduos com essas características produzidos em nossas atividades: • Resíduos de construção civil - RCC Representam um grande desafio para as empresas de todas as regiões onde atuamos, já que os serviços prestados pela EDP (geração, transmissão e distribuição de energia) depende da construção, renovação e desmobilização de grandes ou numerosos espaços físicos com infraestrutura adequada. Os desafios da reinserção dos RCC em novas cadeias produtivas são muitos: quantidade e diversidade dos resíduos produzidos, tipo de material que o compõe, no caso da EDP, o fato de muitas vezes o local de geração estar em zonas remotas ou distante dos centros urbanos, entre outros. • EPIs e uniformes As atividades das empresas do Grupo demandam, a depender da região, atividade e modelo de estruturação do negócio, diferentes necessidades de mão de obra. De toda forma, em muitos desses locais, uso de uniformes e equipamentos de proteção individual – EPIs é fundamental. Nas atividades de distribuição, por exemplo, a quantidade consumida desses itens é maior. Por outro lado, nas atividades de geração e transmissão de energia, os quantitativos são menores, mas, por serem empreendimentos que se localizam em regiões diversas, encontrar soluções mais sustentáveis de descarte também é um desafio. Além das dificuldades relacionadas à reciclagem dos equipamentos em função da sua composição e aos fatores de logística, iniciativas relacionadas a extensão da vida útil de EPIs e uniformes e seus componentes devem ser tratadas com muita sensibilidade por ter relação direta com a segurança e saúde dos colaboradores. • Encapamentos de fios No Brasil, as distribuidoras da EDP vendem seus resíduos para uma empresa que gerencia seu transporte e destinação final. Essa empresa tem interesse em reinserir a maior quantidade possível dos materiais adquiridos em novas cadeias produtivas com intuito de obter o retorno financeiro da venda desses materiais. Os resíduos originados do encapamentos dos diversos tipos de fios intensivamente utilizados nas operações das redes de distribuição são compostos por diferentes tipos de plásticos que apresentam baixo valor comercial. A principal etapa do processo de destinação dos fios consiste na retirada da parte metálica de dentro da cobertura plástica. Todo o resíduo metálico é reaproveitado, enquanto a parte plástica encontra importantes empecilhos para sua reciclagem, já que é constituído por diversos tipos de plástico. • Terras contaminadas com óleo A reutilização de terras contaminadas com óleo no setor de distribuição de energia enfrenta inúmeros desafios. Estas terras geralmente provêm de antigas subestações elétricas, postos de transformação, áreas industriais abandonadas e locais onde ocorreram vazamentos de óleo e outros poluentes, resultantes de operações de manutenção ou acidentes. A descontaminação do solo exige tecnologias avançadas e dispendiosas, que muitas vezes são financeiramente inviáveis para as empresas. A presença de diversos tipos de poluentes no solo complexo o processo de limpeza, aumentando os custos e o tempo necessário para a recuperação. Apesar dos desafios, há oportunidades promissoras para a reutilização dessas terras. Uma vez descontaminadas, essas áreas podem ser transformadas e convertidas. • Óleos Os óleos passam por processos como rerrefino e filtragem para permanecer em uso e isso estende o seu ciclo de vida, porém, por vezes essas substâncias perdem a capacidade de voltar a ter as propriedades necessárias para sua utilização no isolamento ou lubrificação de equipamentos e, quando isso ocorre, o produto precisa ser descartado em processos pouco interessantes do ponto de vista ambiental.
A solução ideal trará novas tecnologias/processos, financeiramente viáveis, que possibilitem ao máximo a extensão do ciclo de vida dos itens e, após isso, a reinserção de um ou alguns dos materiais mencionados no desafio em novas cadeias produtivas, resultando em impacto positivo para o meio ambiente e para as comunidades, em especial aquelas localizadas nas regiões de atuação da companhia. • EPIs BR: Capacetes são reciclados, mas poderiam ser reaproveitados antes disso por meio de algum processo de reforma, a depender do tempo de uso permitido remanescente (5 anos). Outros EPIs são difíceis de ter o ciclo de vida estendido devido aos critérios rigorosos de uso, para garantia da efetiva proteção dos colaboradores, por isso a solução ideal nesse caso envolve a reciclagem dos materiais que compõem os equipamentos. • Encapamentos de fios retirados das redes Idealmente, gostaríamos de encontrar uma solução que trouxesse os benefícios anteriormente mencionados nesse desafio e que envolvesse a utilização de equipamento ou novo processo que pudesse facilitar a separação dos tipos diversos de materiais que compõem os fios das redes que são descartados. Outra possibilidade de atuação seria criar um processo de produção que possibilitasse o uso do resíduo plástico originado do encapamento dos fios de forma a aumentar sua reciclabilidade e seu valor em novos processos produtivos sem a necessidade da separação por tipo. Essa solução precisa ter um custo compatível com o baixo valor de mercado dos materiais pós uso e deve ser desenvolvida com participação do parceiro que executa esse processo.
Desconhecemos iniciativas que tenham sido tentadas anteriormente. • Uniformes BR: - Confecção de cobertores por meio de parceiro que utiliza as fibras para confeccionar os cobertores, que depois são doados a pessoas em situação de rua. É uma alternativa muito interessante, porém de custo elevado. - Confecção artesanal de brindes feitos dos resíduos têxteis – muito legal para sensibilização e para chamar a atenção para as iniciativas de economia circular da empresa, mas enfrentamos alguns empecilhos financeiros, de demanda por produtos confeccionados a partir desse processo e de como os públicos-alvo recebem produtos que não são “novos”. - Reciclagem do material na indústria de estofados, por meio de contratação de empresa parceira responsável pelo processamento e envio. Entretanto, é uma iniciativa com elevado custo. PT: - Confecção de panos para uso nas operações (pelos próprios funcionários) – funciona em pequena escala, mas para grandes necessidades, nesse formato, não parece viável. - Doação para reutilização após descaracterização da marca – trabalho mais artesanal e descarte maior de peças em más condições de conservação. • Encapamentos de fios retirados das redes Nos anos anteriores fizemos algumas POCs com esse material, na qual conseguimos reinseri-lo no nosso processo produtivo, fazendo blend com outros plásticos reciclados de apenas um tipo. A reinserção do material foi testada por um importante parceiro especializado no assunto, que desenvolveu uma forma de confeccionar caixas de passagem plásticas a base de um blend de plásticos reciclados de apenas um tipo e uma porcentagem do resíduo de encapamentos de fios. Entretanto, a empresa faz a reciclagem do material apenas sob a demanda de compra do produto final e esse produto tem um custo elevado quando comparado a produtos similares disponíveis no mercado, mas confeccionados em processos convencionais.
Confira abaixo os desafios e propostos nesta edição: