Plantas no ambiente de trabalho são capazes de diminuir os batimentos cardíacos e consequentemente o estresse fisiológico e psicológico dos funcionários, além de decorar o local e torná-lo mais humanizado, é o que afirma o estudo realizado pela Universidade de Hyogo, no Japão, em 2020, que mostrou que plantas no ambiente de trabalho podem servir muito mais do que para, apenas, decorar o ambiente.
Conforme os estudiosos, o experimento foi realizado com funcionários de uma empresa elétrica local e indicou que a frequência do pulso dos colaboradores, coletada em dois períodos distintos, variava após a colocação dos vegetais próximos a eles. Hoje, considera-se que as plantas são capazes, inclusive, de filtrar o ar dentro do escritório, tornando o local mais fresco, além de serem responsáveis pelo nível de umidade do ar e se tratarem de elementos que aproximam homens e mulheres da natureza, aumentando ainda mais o bem-estar de colaboradores dentro do ambiente de trabalho.
Conforme o estudo, o estresse criado no local de trabalho virou uma questão de saúde para o mundo corporativo. Ainda que algumas pesquisas já tenham indicado a importância da presença de plantas nos mais diversos ambientes, o estudo da Universidade de Hyogo parece ser o primeiro a se dedicar exclusivamente aos lugares onde as pessoas passam grande parte do tempo: empresas e escritórios.
Segundo a ONU, o Brasil está no topo dos países megadiversos, abrigando entre 15% e 20% da diversidade biológica do planeta. O último levantamento sobre a diversidade de plantas, algas e fungos do Brasil, esforço coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), aponta que 43% dos total dos 46.097 espécies catalogadas, são endêmicas. Entretanto, andando pelas cidades, a exemplo de São Paulo, não é possível identificar essas espécies nativas. O que aconteceu nesse processo e como podemos mudar esse quadro afirmando nossa biodiversidade inclusive nas cidades?
Segundo o relatório Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 11 da Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2007 mais da metade da população mundial vive em cidades, e o número deve aumentar para 60% até 2030. Como construir uma urbanização inclusiva e sustentável, sobretudo a partir de um paisagismo consciente, pode melhorar a vida das pessoas nas cidades? Pensando nisso, o STATE, bateu um papo com o paisagista e botânico, Ricardo Cardim, da Cardim Arquitetura Paisagística, que deu o tom na floresta de bolso, técnica mais natural de restauração da Mata Atlântica desenvolvida pelo botânico.
"Bem, o projeto da Cardim Paisagismo para o STATE foi totalmente baseado no passado natural daquele território. Ou seja, a Cardim Arquitetura Paisagística, acredita que é importante a gente conciliar, harmonizar a natureza nativa que existia antes da cidade com a sua fauna e flora possível e a cidade moderna necessária à vida humana. Então, dentro desse princípio, a gente trouxe muitas espécies raras da Mata Atlântica para o projeto, inclusive com o apoio do Legado das Águas Votorantim, que é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, que desenvolveu mudas especiais para nós", conta Cardim.
"A gente tem árvores que são super especiais para a biodiversidade nativa, como o Ingá, a Embaúba, a Canela, a Jabuticabeira, os Palmitos de Ossadas, as tem plantas raras como as Carquejas Lenhosas, típicas da Serra do Mar, a gente tem as Orelhas de Onça, as Gabirobas, que é uma fruta da Mata Atlântica, os Cambucístas, que também é outra fruta da Mata Atlântica, temos uma floresta de bolso nos fundos do STATE. É um projeto muito diferente do resto do mercado, porque no Brasil cerca de 90% da vegetação utilizada no paisagismo é de origem estrangeira, o que é um absurdo no país que tem a natureza mais rica do mundo, e o nosso projeto tem 100%, espécies nativas da mata atlântica, isso é muito importante, é um projeto exemplo, um projeto com grande embasamento técnico científico", afirma o botânico.
"O Brasil hoje é um país que tem 90% dos brasileiros morando em cidades e as metrópoles só tem plantas estrangeiras por motivações culturais e mercadológicas. O paisagismo hoje ainda é encarado como decoração e não como algo multifuncional que vai agregar saúde pública, saúde aos ecossistemas, benefícios para toda a cidade e principalmente resiliência perante as mudanças climáticas. Então o paisagismo hoje é uma disciplina de grande responsabilidade. E, o STATE, tem um paisagismo de alta qualidade nesse sentido, um paisagismo que vai agregar biodiversidade, que tem biomassa vegetal e isso a gente está muito satisfeito com o projeto."
A Floresta de Bolso é uma restauração ecológica da Mata Atlântica inspirada na dinâmica natural da floresta jovem, ou seja, uma floresta de alta competição, com grande número de indivíduos que cooperam também. Eles competem, cooperam e isso forma uma mágica da vida, com um rápido crescimento e com mínima a gente consegue ter florestas aí com uma densidade muito bacana em pouquíssimo tempo, e foi assim que a gente fez uma floresta de bolso nos fundos aí do STATE.
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