Influência com propósito real

Pesquisas recentes da Brunch em parceria com a Youpix mostram um cenário desafiador para criadores: 32% já têm no conteúdo sua principal renda, mas 64% sofrem com burnout e muitos relatam pressões antiéticas, como pedidos de posts sem transparência publicitária. Nesse contexto, a Brunch — agência especializada em gestão, monetização e profissionalização de influenciadores — defende que a influência deve ser tratada como carreira e não passatempo, apostando em autenticidade e sustentabilidade.

Em entrevista exclusiva, Ana Paula Passarelli, cofundadora da BRUNCH, fala sobre o papel da agência como parceira estratégica dos criadores, os impactos do imediatismo das redes, a tendência de retorno ao regime CLT, os riscos do brain rot e o embate entre inteligência artificial e criatividade humana. Confira a seguir essa troca de ideias.

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Para você, o que significa influenciador?

“A influência que acreditamos na Brunch não se mede apenas em números, mas na capacidade de gerar transformação real, levando informação de qualidade e conhecimento que ampliam horizontes. Trata-se de uma influência ressignificada, pautada por narrativas consistentes, proposta de valor e relevância. Mais do que acumular seguidores, o que importa é construir legado, deixar marcas positivas e contribuir para mudanças que façam sentido para as pessoas e para a sociedade.”

Qual a diferença entre influenciador e criador de conteúdo?‍

“Ainda que esses papéis possam se cruzar, o criador de conteúdo foca na criação e publicação de conteúdo, enquanto o influenciador foca em construir uma audiência e estabelecer uma conexão para influenciar ativamente as pessoas. Nem todo criador de conteúdo se torna um influenciador, pois nem todos têm o objetivo de promover marcas ou construir influência.”

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Ética e exposição na internet?

"Cada pessoa que transforma a internet em espaço de trabalho precisa assumir um compromisso com a educação midiática. O vídeo do Felca nos lembra que essa discussão não é individual, mas coletiva. Trata-se de pensar no futuro sustentável do nosso mercado. Sem ética, não há continuidade. A internet não esquece, e os deslizes sempre chegam com um custo alto. É preciso reforçar que exposição não significa relevância. O criador precisa ter consciência dos seus limites, entender o que compartilha e o que preserva, porque, antes de ser uma marca pessoal, ele é um ser humano."

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Qual o papel de uma agência na vida de um criador/influenciador?‍

“A agência existe para ser parceira estratégica, não só para atender demandas. A Brunch oferece suporte em gestão, planejamento e profissionalização, além de abrir caminhos com marcas que talvez o criador não conseguiria sozinho. A Brunch ajuda a transformar a influência em negócio sustentável, garantindo que o criador não seja engolido pelo imediatismo das redes e pensando em novos produtos. Também cuidamos das relações com marcas, protegemos juridicamente e equilibramos expectativas do mercado com a autenticidade do criador.”

Muitos profissionais da web estão voltando do autônomo para o CLT. Como você enxerga isso?‍

“É natural. A vida autônoma é instável, e nem todos querem ou conseguem lidar com isso. Voltar ao CLT não significa fracasso, mas escolha de modelo de vida. É saudável ter opções, e a indústria precisa oferecer caminhos diversos.”

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Brain rot e o trabalho na web?‍

“Produtividade não pode estar atrelada ao ciclo de rolagem infinita, senão o trabalho vira combustível para o esgotamento. O brain rot mostra o quanto é urgente redefinir métricas de sucesso. Não dá para medir relevância só pelo volume de posts ou visualizações. Trabalhar na internet exige pausas conscientes, curadoria do que se consome e clareza do que se entrega.”

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IA vs humano?‍

“A IA pode otimizar processos, acelerar entregas, mas não cria repertório de vida, não tem sensibilidade cultural e não entende nuances emocionais. O criador que souber usar IA como aliada vai sair na frente, mas o diferencial continuará sendo a visão humana.”