O conceito de Open Innovation (Inovação Aberta) foi criado por Henry Chesbrough, professor e pesquisador da Universidade da Califórnia, Berkeley, e foi apresentado pela primeira vez em 2003, no livro “Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology”, de autoria do pesquisador.
Para entender o impacto desse termo, é necessário relembrar o contexto histórico em que o mundo passava neste momento. A década de 2000 foi marcada por transformações nos modos de produção, nos modelos de negócio, nas tecnologias e nas relações entre empresas, governos e instituições de pesquisa. Foi um momento marcado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), com uma difusão no acesso à internet, celulares e redes de dados. [Fonte: OECD Information Technology Outlook 2010]
Outro ponto marcante nesta época foi a bolha das “pontocom”. Também conhecida como bolha da internet, esse foi um período de extrema valorização das ações de tecnologia dos EUA - marcado pelo surgimento de muitas startups desse setor - no final da década de 1990. Entretanto, já no início dos anos 2000, quando os fundos diminuíram e as empresas não tinham lucros para continuar, aconteceu o estouro da bolha das pontocom, resultando em desvalorizações de mais de 80% de seu valor de mercado. [Fonte: NasDaq]
Essa ideação de Inovação Aberta proposta chega em um cenário de crise e transformação no modelo de inovação, abrindo caminho para a criação de um ecossistema de inovação, base do que vemos hoje em hubs, parques tecnológicos e programas de inovação com startups.
“Inovação aberta é o uso de fluxos de conhecimento intencionais para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para uso externo da inovação.” (Henry Chesbrough, 2003)
Ao contrário do que se pensa, a inovação aberta não é uma oposição da inovação fechada, nem é adequado enquadrar uma como certa e outra como errada. Ela pode ser encarada como a evolução do modus operandis do modelo tradicional. Enquanto a inovação fechada parte do princípio de que as empresas devem controlar todo o processo inovador, desde a geração da ideia até sua comercialização, a inovação aberta propõe complementar e ampliar as fontes de conhecimento, reconhecendo que boas ideias podem vir tanto de dentro quanto de fora da organização.
“Ela (a inovação aberta) derruba fronteiras internas e externas, deslocando a empresa de uma lógica hierárquica para uma lógica de rede. Quando times passam a trabalhar com startups, universidades ou outros parceiros, a mentalidade muda: colaboração substitui competição, vulnerabilidade vira ativo e aprender com o outro se torna parte do DNA.” (Bruno Erlinger, Head of Open Innovation - STATE)
Sendo assim, a inovação aberta não diminui a importância dos ativos internos, ela escolhe o caminho mais amplo de colaboração. Universidades, startups, centros de pesquisa e até mesmo concorrentes passam a ser vistos como potenciais parceiros estratégicos.
- A inovação acontece internamente à empresa, com recursos próprios;
- O processo é centralizado em departamentos de P&D (pesquisa e desenvolvimento);
- Os conhecimentos e tecnologias são propriedade exclusiva da empresa;
- Existe grande foco em segredo industrial e proteção intelectual;
- Tempo de desenvolvimento geralmente é mais longo;
- O risco e o custo de inovação são totalmente assumidos pela empresa.
- A empresa colabora com startups, universidades, centros de pesquisa e até concorrentes;
- O conhecimento flui de dentro para fora e de fora para dentro da organização;
- Acelera o processo de inovação e reduz custos;
- Estimula o uso de parcerias estratégicas e cocriação;
- Incentiva o licenciamento de tecnologias e modelos de negócio compartilhados;
- Maior agilidade na adaptação ao mercado e resposta à concorrência.
Fonte: Chesbrough, H. W. (2003). Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology. Harvard Business School Press.
“Ela (a Inovação Aberta) traz velocidade ao acessar soluções já validadas, relevância por conectar a empresa ao que está pulsando no mercado e escala ao permitir que a inovação não dependa só dos recursos internos. Em vez de reinventar a roda, a empresa se conecta a quem já está girando ela — e ganha tempo, eficiência e vantagem competitiva.” (Bruno Erlinger, Head of Open Innovation - STATE)
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Segundo o Ranking 100 Open Startups 2024, o número de negócios em inovação aberta cresceu 69% em relação ao ano anterior, passando de R$ 64 bilhões para R$ 108 bilhões. No mesmo período, foram registrados 62.216 relacionamentos entre startups e corporações, um número que vem crescendo desde 2019.
Esse crescimento não é por acaso. Ainda sobre esse cenário, 88% das empresas já desenvolvem ações de open innovation, 76% vêm realizando investimentos em inovação com recursos próprios, 62,5% possuem programa de intraempreendedorismo.
“As barreiras (para implementar Inovação Aberta) são menos técnicas e mais culturais. O medo de perder controle, a burocracia excessiva e a crença na autossuficiência travam movimentos ousados. No fim, o que pesa é a dificuldade de abrir mão do ego corporativo para ganhar futuro. É preciso maturidade para entender que abrir não é perder, é multiplicar.” (Bruno Erlinger, Head of Open Innovation - STATE)
Não há Inovação Aberta eficaz sem uma estratégia bem definida de relacionamento com parceiros externos. Segundo a Softex (2022), os parceiros mais comuns nesse modelo são as startups em colaboração com corporações (87,2%), destacando-se pela agilidade e capacidade de experimentação das primeiras e pela estrutura e escala das segundas. Outros atores relevantes incluem universidades (76,9%), centros de pesquisa (64,1%) e hubs de inovação (64,1%).
Além das parcerias com agentes externos, 62,5% das empresas contam com programas de intraempreendedorismo, mostrando uma preocupação em alinhar inovação interna com colaboração externa. Outro destaque é o uso predominante de Provas de Conceito (PoCs) como modelo de relacionamento, presente em mais de 90% das iniciativas.
O modelo brasileiro de inovação aberta está evoluindo também para formatos mais sofisticados, como:
- Corporate Venture Capital (CVC): investimento direto de empresas em startups.
- Venture Building Corporativo: criação de startups internas alinhadas aos objetivos estratégicos.
- Participação em hubs e ecossistemas de inovação: ambientes de experimentação e cocriação.
- Fusões e aquisições orientadas por inovação: como forma de absorver tecnologias e competências.
[Fonte: Softex, 2022]
Esse movimento crescente de inovação colaborativa reflete uma mudança de mentalidade nas empresas brasileiras, que passaram a enxergar a Inovação Aberta como um fator estratégico para competitividade, transformação digital e sustentabilidade dos negócios.
Criado por Henry Chesbrough em 2003, o conceito de Inovação Aberta propõe a colaboração entre empresas e agentes externos para acelerar a inovação. No Brasil, esse modelo cresceu mais de 7 vezes desde 2019 e já movimenta R$ 108 bilhões em parcerias por ano.
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