São Paulo: vibrante, pulsante e diversa

A breve história urbana da maior cidade da América Latina
24.01.2025

Neste final de semana, dia 25.01, a cidade de São Paulo completa mais de quatro séculos, para sermos exatos, 471 anos soprando as velinhas, e o STATE não poderia deixar de prestar a homenagem à nossa cidade, onde estamos sediados. Para comemorar os anos de vida desta "jovem” metrópole separamos algumas curiosidades sobre a famosa "Sampa". Instigou? Chega mais!

Tudo tem um começo

Começamos pelo básico, você sabe o por que a cidade leva o nome de São Paulo? A cidade foi fundada em 1554 com a construção de uma escola jesuíta, conhecida hoje, como Pateo do Collegio, por padres jesuítas, doze precisamente. A inauguração da cidade aconteceu em 25 de janeiro, mesmo dia em que se é comemorado, dentro do catolicismo, o dia do apóstolo Paulo. Dando assim, a origem do nome São Paulo.

Desde então, a cidade não parou de crescer. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seu último levantamento, feito em 2024, São Paulo é o único estado do Brasil que tem mais de uma cidade com população acima de 1 milhão de habitantes. São aproximadamente 46 milhões de pessoas vivendo no estado, o que corresponde, atualmente, a 21,6% da população brasileira. Outro dado importante é que cerca de 80.913 pessoas da capital paulista não têm acesso ao abastecimento de água potável; outras 307.550 vivem sem esgotamento sanitário, de acordo com o Instituto Água e Saneamento (IAS).

Foto de Darwin Boaventura na Unsplash

Falando sobre habitação, o bairro Higienópolis, inaugurado em 1895, tem esse nome, por ser o primeiro da cidade a priorizar o saneamento básico e a higiene doméstica. Mais de um século depois, muitas pessoas ainda vivem em condições precárias. Ainda conforme o IAS, o lixo de 194.686 paulistanos não é recolhido, e outros 41.567 domicílios ainda estão sujeitos a inundações. Discorrendo sobre água, mas não a encanada, você sabe por que São Paulo é conhecida ou chamada como a terra da garoa? É porque durante as transições entre as estações, verão e inverno - uma intensa garoa costumava cair na cidade, por conta do clima tropical e da altitude, mas essa característica da cidade vem mudando ao longo do tempo, pelo impacto causado pela aceleração do processo de urbanização e das mudanças climáticas extremas.

Subindo a ladeira

A Ladeira Porto Geral, conhecida pelo comércio diverso, leva o nome próximo à costa, mas sem nenhum navio atracado, diferente de seu passado portuário. Hoje não há um porto, mas já existiu. A ladeira era o principal caminho para o rio Tamanduateí, e por ali ficava o Porto Geral de São Bento –nomeado assim por sua proximidade com o Mosteiro de São Bento e por receber canoas com mercadorias das fazendas de São Caetano, pertencentes ao mosteiro. O porto se tornou o principal ponto de embarque do rio Tamanduateí, mas desapareceu após a retificação do rio, enquanto seu nome permaneceu.

Ladeira Porto Geral fotografada por Aurélio Becherini em 1909 – Acervo da Secretaria Municipal de Cultura

Apesar de estarmos falando de uma famosa ladeira de SP, o que deveria sugerir fácil acesso, na verdade mostra o inverso. Segundo o Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Estado de São Paulo tem 3,3 milhões com deficiência visual, 1,6 milhão com deficiência física, 1,1 milhão com deficiência intelectual, 682 mil com deficiência auditiva e 592 mil com outras deficiências. Longe do ideal de acessibilidade, ainda assim a cidade de São Paulo ficou em primeiro lugar no ranking do estudo Campanha Calçadas do Brasil 2019 da Mobilize Brasil, em São Paulo, conforme a Agência Brasil. Ainda conforme a publicação, as calçadas apresentam desníveis, pisos irregulares, largura variável e excesso de postes, a capital paulista obteve uma média de 6,93, abaixo da nota mínima (8,0) para uma calçada aceitável, segundo os critérios do levantamento.

O Plano Emergencial de Calçadas (PEC), criado em 2019, mapeou 7,2 milhões de metros quadrados de calçadas a serem recuperadas. Até o final de 2024, a gestão atual havia mantido 1,04 milhão de metros quadrados, cerca de 70% da meta. Considera-se que são essas as barreiras externas responsáveis pelos impedimentos das realizações de atividades cotidianas. Por exemplo, a dificuldade em se locomover, alimentar-se e outras ações simples podem limitar áreas significativas da vida de uma pessoa, como trabalho e lazer.

Por falar em calçadas, você já reparou que as calçadas do centro são pavimentadas com pedras portuguesas? Se não, dê uma passada ao centro de SP e veja as pedras colocadas na década de 70, durante a implementação dos calçadões e estão lá até hoje. Embora antigas e conhecidas, essa pavimentação não é tombada como patrimônio do centro histórico de São Paulo e há um projeto para sua substituição, visando melhorar a qualidade da calçada, sua manutenção e acessibilidade.

Voltando ao passado, Sampa chegou a ter 700 km de linhas de bonde, mas o uso dos bondes foi descontinuado na década de 60. Isso porque o transporte por bondes era custoso e ineficiente considerando o crescimento constante da cidade. A proposta do fim dos bondes veio acompanhada de uma nova: a criação do metrô em SP.

Bairrismo

Você sabia que São Paulo foi bombardeada em 1924? Durante a Revolução de 1924, uma rebelião começou com jovens tenentes do exército contra o governo federal. O então presidente Arthur Bernardes cercou a cidade com artilharia pesada do exército, e atacou bairros proletários e fábricas. Mooca, Brás, Belém e Cambuci foram os mais atingidos, resultando na morte de milhares de civis e na fuga de quase metade da população.

Simbolismo

Vale mencionar que SP possui o Cambuci e a Suçuarana como símbolos da cidade. A fruta Cambuci se tornou símbolo da cidade de São Paulo por estar muito presente na metrópole em séculos passados. Quase foi extinto, mas a recuperação das árvores diminuiu esse risco. A suçuarana, também conhecida como onça-parda ou puma, foi eleita em 2010 como símbolo da cidade, depois que a Secretaria do Verde e Meio Ambiente fez um concurso para a eleição do animal que é a cara de São Paulo.

Limites

O Marco Zero de São Paulo, não está localizado no Pateo do Collegio, onde a cidade foi fundada, devido a uma tradição que remonta à época colonial. Durante esse período, as distâncias eram frequentemente marcadas a partir das portas da igreja, e não do local de fundação. Assim, a posição do Marco Zero foi estabelecida na Praça da Sé, que se tornou um ponto central da cidade. Além disso, ao longo da história, o Marco Zero foi transferido várias vezes, sempre em relação à Igreja da Sé, que é um marco importante na cidade. Portanto, a escolha do Marco Zero na Sé reflete essa tradição de centralidade religiosa e administrativa, em vez de estar diretamente ligado ao local de fundação da cidade no Pateo do Collegio.

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo, informalmente conhecida como Catedral da Sé, localizada na Praça da Sé

Lugar para todos

Para finalizar, São Paulo é a cidade mais diversa do Brasil, com mais de 11,5 milhões de habitantes, que inclui, naturalmente, uma diversidade enorme de credos, sexualidades, etnias e culturas. Ao todo são mais de 360 mil estrangeiros vivendo aqui, a cidade com a maior comunidade japonesa do Brasil, com o maior número de habitantes negros do país, sedia a maior parada LGBTQIA+ do mundo e também a Marcha para Jesus, maior evento cristão a céu aberto do mundo.

Viva São Paulo e suas peculiaridades, 471 fazendo história.

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