A foto contém uma folha envolta em plástico com os dizeres: banheiro feminino e para pessoas não binárias.
Essa foi uma medida que encontramos para que pessoas não binárias pudessem escolher o banheiro que se sentissem mais confortáveis para utilizar.
E com essa (re)configuração muita gente ficou confusa sobre o que são pessoas não binárias. Por isso, eu, Alessandra, pessoa não binária e community manager do STATE, estou aqui para tentar explicar um pouquinho sobre o que não binariedade significa.
Não binariedade é um gênero e um termo guarda-chuva.
Vou explicar melhor:
Quando uma pessoa se identifica com o gênero não-binário significa que ela não é exclusivamente mulher, nem exclusivamente homem, ou seja, ela não está dentro da binariedade de gênero (masculino e feminino).
É aí que entra o que a gente chama de termo guarda-chuva.
Uma pessoa pode se identificar somente como uma pessoa não binária e por si só isso já é considerado um gênero, mas ela pode se identificar com gêneros que estão inclusos nesse “guarda-chuva” chamado não binariedade. Entre eles estão as identificações: agêneres, bigêneres, gênero fluído, andrógines, gênero neutro e muitos outros gêneros que estão englobados dentro do termo não-binário.
Acho que é importante pontuar que por mais que eu esteja no meu local de fala, nem sempre é simples explicar uma identidade porque a gente sempre tenta definir/colocar as pessoas em caixinhas e isso pode limitar bastante nosso entendimento sobre suas vivências, sobre suas individualidades e sobre a forma como cada uma compreende sua própria identidade.
Então, por mais que exista um google para tirar nossas dúvidas sobre essas e muitas outras questões, o mais adequado é consumir conteúdo de diversas pessoas não binárias, conviver com pessoas não binárias e muitas vezes, não necessariamente furar sua bolha, mas aumentar ela para caber mais diversidade. ;)
Vou primeiro te fazer uma pergunta com base em um dos motivos que fez a gente pensar em trocar as plaquinhas:
Quanto tempo você demora para sair da sua mesa de trabalho e ir até o banheiro?
Eu contei aqui e eu demorei 20 segundos.
Antes dessas novas plaquinhas, para ir até um banheiro não binário aqui no STATE, eu demorava cerca de 2 minutos. Isso sem contar que durante o percurso eu parava, no mínimo, uma vez para conversar com alguém, parava para pegar meu QR code no celular e passar a catraca e ainda subia um bocado de escadas.
Agora imagina aqueles dias em que a gente precisa entregar um monte de coisa e quase não tem tempo de parar. Nesses dias, eu ia ao banheiro uma ou duas vezes e preferia tomar menos água porque não ia ter tempo de ir ao banheiro (já melhorei nisso, eu juro!).
Então, como alternativa, eu utilizava os banheiros para pessoas com deficiência por não ter um gênero correspondente. O que por si só já pode gerar outros infinitos problemas.
As respostas a essa pergunta são sim e não.
Mas, para responder a essa pergunta, vou sair um pouco da esfera do “eu” e pensar na experiência das pessoas dentro de um hub de inovação e também em seu ambiente de trabalho, ok?
Então, a resposta é sim porque se a pessoa tiver que passar pela situação acima todos os dias e tiver a opção de trabalhar em home office ou de trocar o hub em que sua startup/empresa funciona, é possível que o sentimento de pertencimento possa ser um motivo para aumentar o turnover (desistência/troca) do seu hub ou coworking.
E a resposta é não porque não é só sobre tempo, mas sobre pessoas.
Aqui no STATE, trabalhamos com comunidade, diversidade e inovação.
Essas três coisas são sobre pessoas e só acontecem na prática com pessoas.
Então, a gente entende que as pessoas precisam se sentir bem e acolhidas num espaço para que elas possam conseguir vivenciar o que aquele espaço têm a proporcionar para elas.
Além disso, a gente compreende que não basta falar que o STATE é para todas as pessoas, precisamos colocar em prática esse discurso pensando em detalhes nas experiências de pessoas diversas no hub. Só assim podemos conseguir uma comunidade mais engajada, com diferentes experiências para a tomada de decisão e inovação na prática na hora de resolver problemas.
É importante pensar no objetivo e valores do seu hub e/ou coworking.
Aqui no STATE, o objetivo quantitativo é importante, mas como trabalhamos com comunidades e inovação, não queremos deixar de lado a qualidade das experiências que a gente proporciona, principalmente, quando diz respeito à diversidade.
Vale ressaltar que nenhum ambiente de trabalho é perfeito, mas aqui temos algo que não é tão simples de se encontrar: uma equipe que se propõe a ouvir e a pensar de que formas se pode melhorar a experiência de quem passa por aqui, mesmo que as adaptações nem sempre sejam uma tarefa fácil.